sexta-feira, 6 de maio de 2011

Especialistas opinam sobre a operação americana contra Bin Laden A operação em que o terrorista foi morto não foi a primeira em que militares dos EUA invadiram território estrangeiro sem o respaldo das Nações Unidas.

A operação em que Bin Laden acabou morto não foi a primeira em que militares dos Estados Unidos invadiram território estrangeiro sem o respaldo das Nações Unidas.
Outubro de 1983. O primeiro-ministro de Granada, Maurice Bishop, tinha sido tirado do poder por um ex-aliado. O então presidente americano, o republicano Ronald Reagan, ordenou a invasão da ilha. Uma das explicações: era preciso proteger estudantes americanos que moravam lá. Aliados dos Estados Unidos tomaram posse em seguida.
Em 86, os Estados Unidos bombardearam Trípoli. O governo líbio teria sido responsável por um atentado que matou duas pessoas em uma discoteca em Berlim, frequentada por militares americanos.
Em 89, soldados invadiram o Panamá e prenderam o ditador Manuel Noriega, que acabou condenado por tráfico de drogas. A defesa da democracia foi a explicação do republicano George Bush.
A mesma justificativa do democrata Bill Clinton para invadir o Haiti em 94. Os americanos devolveram o poder a um aliado: Jean-Bertrand Aristide, que tinha sido deposto três anos antes.
Em 1998, nova ação comandada por Clinton. Em resposta aos atentados às embaixadas no Quênia e na Tanzânia, mísseis foram disparados contra o Afeganistão e o Sudão, onde estariam escondidos terroristas. No Sudão, uma indústria de remédios foi atingida. O governo americano alegou que era uma fábrica armas químicas, o que nunca foi comprovado.
Mesmo antes de se eleger presidente, Barack Obama havia dito que poderia realizar uma ação como a do último domingo (1). Para ele, não poderia haver porto seguro para terroristas que ameaçassem os Estados Unidos e seria impensável deixar de realizar uma ação só porque ela seria difícil.
Em um discurso em agosto de 2007, o então pré-candidato à presidência americana disse: “O segundo passo na minha estratégia será aumentar a nossa capacidade e as nossas alianças para rastrear, capturar ou matar terroristas ao redor do mundo e impedir que eles tenham acesso às armas mais perigosas do planeta. Eu não hesitarei em usar força militar para tirar de cena terroristas que ameacem diretamente os Estados Unidos”, declarou o atual presidente.
Para Matthew Waxman, professor da Universidade de Columbia e que faz parte do Conselho de Relações Exteriores dos Estados Unidos, a ação americana foi correta. “Neste caso, a entrada no Paquistão teve uma forte justificativa: a defesa própria. Os Estados Unidos enfrentam ameaças concretas de ataques terroristas e o governo do Paquistão se mostrou incapaz de lidar com essas ameaças”, diz ele.
Quanto à versão de que apenas uma pessoa armada dentro da casa ofereceu resistência, Waxman diz que toda a ação foi muito rápida e cheia de incertezas: “Há muitos fatos que a gente ainda não conhece. Os soldados sabiam que Bin Laden era extremamente perigoso e me parece que as ações foram razoáveis dentro das circunstancias. Já seria diferente se soubéssemos que Bin Laden tentou se entregar e foi morto, mas não parece que esse foi o caso”, explica.
Para uma especialista em direito internacional em conflitos armados, a operação deveria ter sido conduzida de forma a capturar Bin Laden vivo. Em entrevista pela internet, Mary Ellen O'Connell reconhece que Bin Laden está associado a um dos piores crimes da história e que poderia ter armas no quarto.
“Isso deve ter sido levado em consideração, mas me preocupa pensar que em nenhum momento os militares americanos tenham perguntado a ele: ‘Você se entrega? Você desiste?’, o que seria o procedimento normal. Isso teria ajudado muito. Mas, mais uma vez, devido ao perigo da situação, pode ter sido uma operação policial correta não ter feito um alerta", afirma a especialista.
Para a conselheira de contra terrorismo do Humans Rights Watch, uma organização dedicada a proteger os direitos humanos, as muitas versões sobre o que aconteceu no ataque dificultam qualquer avaliação: se houve chance de capturar Bin Laden vivo ou se a ordem era mesmo para matar. A organização pediu ao governo americano mais detalhes. Mas, independente disso, ela diz que a ausência de Bin Laden faz do planeta um lugar mais seguro.
FONTE: JORNAL NACIONAL

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